Muito além da brincadeira: como o jogo revela habilidades cognitivas
- Alfabetiza Psicopclinica
- 29 de jun.
- 2 min de leitura

Simples materiais como palitos e círculos coloridos se transformam em ferramentas riquíssimas de observação quando usados com intencionalidade.
Essa é uma das propostas que aplico no consultório da alfa.betiza, e quero compartilhar com vocês o quanto uma brincadeira de reprodução de padrões pode revelar sobre o funcionamento cognitivo de uma criança.
Na foto acima, temos um modelo de jogo de padrões que pode ser aplicado de diferentes formas. É um material simples, mas extremamente rico em informações — permite observar como a criança se organiza, se regula emocionalmente durante a realização, se compreende os comandos e até se precisa ou não de mediação da minha parte.
Claro que, nesse processo avaliativo, a proposta é oferecer menos interferência e mais escuta observadora, permitindo que a própria criança mostre, com autonomia, aquilo que consegue realizar a partir das instruções recebidas.

O jogo da foto é o “Space Placement”, facilmente encontrado em lojas online. No entanto, também é possível montar uma versão acessível: basta comprar palitos coloridos em lojas de festas e imprimir os cartões-modelo, que podem ser encontrados no Pinterest. Para melhor uso, recomendo colar os cartões em folhas de papel kraft ou papel cartão, para evitar transparência e garantir maior durabilidade.
Como funciona?
A criança observa um modelo (feito com palitos e círculos de diferentes cores e tamanhos) e deve reproduzi-lo da forma mais fiel possível. Pode manter o modelo visível ou esconder depois de alguns segundos, dependendo do objetivo.
Essa tarefa simples me permite avaliar vários eixos cognitivos fundamentais para a aprendizagem.
O que observo com essa atividade:
Atenção: a criança consegue manter o foco no modelo? Precisa de ajuda para se organizar?
Memória de trabalho: se o modelo some, ela consegue lembrar o que viu?
Percepção visual e organização espacial: os palitos ficam na direção certa? Ela percebe diferença entre cores e tamanhos?
Coordenação visomotora: como ela manuseia os objetos? Há precisão ou desorganização?
Planejamento e flexibilidade cognitiva: consegue se adaptar se erra? Precisa começar do zero? Planeja antes de agir?
Compreensão verbal (caso eu guie oralmente): entende comandos como “ao lado”, “embaixo”, “na diagonal”?
Esses momentos, aparentemente simples, são grandes janelas para entender como cada criança aprende, reage ao erro, organiza suas ideias e lida com desafios.
Gosto de lembrar que avaliar não é rotular, é acolher com olhar atento e sensível. No alfa.betiza, eu caminho junto com cada criança, em sua linguagem e no seu tempo dentro do desenvolvimento.
Por isso, sempre quando me organizo para avaliar com os jogos tento construir um registro que me ajude a pensar, junto as outras etapas, uma hipótese diagnóstica e um bom plano de intervenção.
Com esse jogo não foi diferente. Passei algumas horas construindo e após aplicação e ver que realmente me ajudou, entendi que seria legal trazer aqui para vocês.
Se você também trabalha na avalição psicopedagógica de crianças e adolescentes, pode usar esse modelo de ficha de observação no seu atendimento.
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